sexta-feira, 2 de abril de 2010

Drogas e mais drogas...



Passei o dia de hoje em casa, pensando sobre a necessidade do silêncio. Como pessoa comunicativa que sou, muitas vezes acabo por cometer o erro de me expressar demais, de falar demais, de dar minhas opiniões sem que elas sejam sequer solicitadas e, por isso, acabo por cometer grandes desastres em minha vida pessoal.

Até aí, tudo bem, vida pessoal é vida pessoal e podemos sempre mentir para nós mesmos que tudo não passou de um mal momento, uma situação que, futuramente, poderá ser consertada. Mas, e se essa falha de comportamento se transformar em algo maior, mais e mais recorrente, causando problemas em outras áreas de sua vida, como a profissional, por exemplo?!

Ontem fui à uma festa com meu sócio e amigo Douglas. Esta dita festa seria uma festa onde deveríamos estar presentes por questões muito mais profissionais do que pessoais. Tinha a impressão que o início de alguma boa parceria comercial poderia ser iniciada a partir dos contatos feitos naquele local. E tudo estava correndo bem, até um determinado momento da noite. O local era um paraíso, um sítio, de um grande empresário do estado de Santa Catarina, um verdadeiro pedaço do céu na terra. Animais, lagos, morros, casa no alto do morro, jardinagem perfeita, churrasqueira com palco para mini apresentações artísticas, enfim, um lugar fantástico.

Mas não sei se foram as cervejas, não sei se foi o local ou a impressão sobre as pessoas que estavam ali "fervendo", mas em algum determinado momento eu perdi completamente a objetividade do que deveria ser a minha presença, e comecei por deixar meu grande defeito, o de falar coisas que, definitivamente, não interessam a ninguém, entrar em ação. Daquele momento em diante a noite foi um completo desastre.

Dei minha opinião a respeito do que não devia, impus conselhos a pessoas que nunca havia visto antes, fiz comentários em nível pessoal para pessoas que nem sabiam quem eu era direito. Enfim, fui metido, pretensioso, arrogante, e incrivelmente inadequado ao local.

Meu amigo tentou por vezes fazer com que eu parasse de falar tamanhas sandices para as pessoas e, sem sucesso, irritou-se profundamente por minha falta de profissionalismo. Por falar nele, até ele foi vítima dos meus comentários inoportunos, invasivos e desastrosos.

Conclusão: saí da festa bêbado, com uma vontade louca de sumir, logo depois que um milagroso minuto de lucidez fez-me ver o quão leviano fui durante toda a minha estadia naquela reunião. Uma pena, grandissíssima pena, perdi uma boa noite com um grande amigo e a chance de fechar negócios interessantes também... enfim, tudo estava perfeito naquela noite, o único que não estava perfeito era eu.

Isso me fez ficar o dia com uma tremenda ressaca moral, por me descobrir muito mais fraco do que me imaginava, por perceber o quão leviano posso ser, e por destruir um valioso momento para mim e para meu sócio e amigo. Considerei-me controlador de tudo e mais uma vez, quebrei a cara por isso.

Agora sinto apenas o vazio e o cansaço. Acho que devo estar passando por estes momentos em que as pessoas concluem que não devem mais beber, ou usar qualquer tipo de droga que possa alterar sua percepção da realidade. Descobri que sou um viciado e que não posso mais chegar mais perto de consumir drogas - não sou suficientemente forte para elas. A minha droga predileta é a vaidade. Não tenho mais forças para manter as coisas em pé enquanto estiver fazendo uso dessas doses diárias de vaidade. Provavelmente estarei entrando num período de abstinência, e por isso estarei intratável durante algum tempo, algumas semanas talvez. Mas, pra falar a verdade, já estou há algum tempo tentando me livrar do uso dessa droga, e acho que já estou em abstinência há algum tempo. Só não havia percebido isso de maneira tão clara como agora. Tomara que as pessoas entendam esse meu momento, tomara que eu sobreviva a ele, e tomara que eu retorne bem...